terça-feira, 10 de agosto de 2010

Guerra civil - Angola e Rwanda


Nasci no Lobito, Angola, à época colônia portuguesa.
Vim trazida de lá ainda bebê, por meus pais. Eu e minha irmã, três anos mais velha.
Saíram fugidos com duas filhas pequenas, dois baús de roupas e brinquedos, e U$800,00 dólares.
Abandonaram casa, carro, família, amigos, suas vidas. Suas histórias. Nunca mais as encontraram.
Por minha vez, abandonei um futuro. E achei outro, há milhares de quilômetros, coincidentemente no mesmo paralelo.
Há os que tentaram retornar, mas o país, como o tinham conhecido, não existia mais.
Um bom retrato das infindáveis guerras que assolaram o continente africano é o filme "Hotel Rwanda" - A história se passa em 1994, no que ficou conhecido por Genocídio de RuandaRelata um período de aumento da tensão entre a maioria hutu e a minoria tutsi, duas etnias de um mesmo povo. Durante cem dias, perto de um milhão de pessoas morreram baleadas, queimadas ou esquartejadas, num dos massacres mais sangrentos de todos os tempos e que a comunidade internacional fez muito pouco para evitar ou sequer tentar interromper.
Vale a pena assistir, é muito bonito
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Angola



Angola, ex-colônia portuguesa, possui grande diversidade de recursos naturais, como petróleo e diamantes, mas isto não foi o suficiente para diferenciá-la do restante do continente. Enfrentou, no decorrer do seu breve processo histórico, delimitado entre a guerra de libertação e os conflitos que transcenderam sua independência, muitas dificuldades, conhecidas ou não do grande público.
No dia 10 de Novembro de 1975, o Alto Comissário e Governador-Geral de Angola, almirante Leonel Cardoso, em nome do Governo Português, proclamou a independência de Angola, transferindo a soberania de Portugal para o “Povo Angolano”:
"E assim Portugal entrega Angola aos angolanos, depois de quase 500 anos de presença, durante os quais se foram cimentando amizades e caldeando culturas, com ingredientes que nada poderá destruir. Os homens desaparecem, mas a obra fica. Portugal parte sem sentimentos de culpa e sem ter de que se envergonhar. Deixa um país que está na vanguarda dos estados africanos, deixa um país de que se orgulha e de que todos os angolanos podem orgulhar-se".
No processo de descolonização da África, Angola possuiu duas particularidades bem interessantes, que constituiriam, por si só, um bom motivo para estudar este país. A primeira é o fato de sua independência, ocorrida entre 1974 e 1975, ter sido tardia, assim como a das outras colônias portuguesas.
A segunda é o fato de ela ter tido, dentro do seu processo de independência, não apenas um movimento de libertação, mas três movimentos de caráter nacional, o MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola, de Agostinho Neto), a FNLA (Frente Nacional para a Libertação de Angola, liderado por Holden Roberto) e a UNITA (União Nacional pela Independência Total de Angola, conduzido por Jonas Savimbi), que além lutarem contra os portugueses lutavam entre si.

5 comentários:

  1. Nina, fiz um trabalho sobre a angola quando fiz o ensino médio. Me liguei na história nas mortes que aconteceram durante a guerra, mas jamais pensei nas pessoas que saíram do pais deixando tudo pra trás. Seus pais foram vitoriosos quando tiveram força pra recomeçar tudo de novo.
    Beijo

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  2. Lendo seu post e o comentário da Edivânia fiquei meditando sobre a distância que existe entre os textos escolares e jornalísticos e as verdadeiras "entranhas" de todos esses processos em que se disputam o predomínio, em detrimento de tantas "vidas" - como você bem disse - no sentido material, moral e até mesmo espiritual.
    Fica a certeza de que os que conseguem superar essas dificuldades, "renascendo" das próprias cinzas são os verdadeiros guerreiros melhor acepção da palavra - a de bravos e vencedores de si mesmos, da própria aniquilação que um dia, se lhe quiseram impor.
    Ficamos torcendo para que, um dia, falemos todos a mesma língua e nos fartemos do mesmo pão.
    Eu, como sempre, sigo gostando muito de ouvir as Histórias de Nina.
    Conte-me mais.
    Beijos.

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  3. História intrincada, difícil de entender, não pelos fatos em si, mas pela influência das diferenças culturais não só dos colonizadores como dos colonizados.
    De toda forma uma história de muita luta, sangue e sofrimento para quem a viveu.
    Bjs.

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  4. Trabalhei em Angola em 2007, fiz grandes amigos Angolanos.

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  5. Já voltou em Angola, tenho muita vontade de voltar a trabalhar lá, apesar das dificuldades que lá enfrentei.

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Fique à vontade... Vou gostar de saber sua opinião.

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