sábado, 18 de setembro de 2010

Fim das barracas de praia em Salvador


Passando hoje de carro por parte da orla de Salvador, algo chamou minha atenção – a praia!!! Linda, com pessoas tomando sol, jogando, e crianças brincando.
Sim, ela sempre esteve lá, uma curta faixa de areia acompanhada por um mar ora verde, ora azul. Sempre existiu, nunca mudou de endereço, mas ficava escondida atrás das tão tradicionais barracas de praia, uma espécie de restaurantes, ao todo cerca de 350, muitas de limitadas condições estruturais e higiênicas.
Nestas, boa parte da população soteropolitana chegava às 11 ou 12 horas do dia, especialmente nos finais de semana, para uma água de coco, uma cerveja, um acarajé ou um peixe frito com farofa. Conversas, músicas, uns com bronzeador, outros com protetor solar, e assim se passava a tarde. Cultura popular, democrática e engordativa.

Pessoalmente, nunca fui adepta. Fujo de aglomerações e de sol. Mas o soteropolitano comum fazia deste um de seus poucos lazeres.
Pois bem, há um mês a Justiça Federal determinou a derrubada destas barracas, por considerar a inexistência de um projeto ambiental adequado, além de estarem em uma área considerada da União.

A história da legalidade ou não das barracas de praia de Salvador já se arrastava há alguns anos, quando o então (e ainda...) prefeito de Salvador João Henrique iniciou um projeto de reforma, sem antes obter as devidas licenças.
Processos, decisões, liminares... Entrava mês, saía mês, a situação se arrastava, sem qualquer atitude preventiva ou estratégica. Até que chegou-se à decisão final.
Muito choro e protestos, uma senhora proprietária de uma das barracas, acorrentada à mesma, agarrada ao pobre neto de 09 anos de idade, gritando que preferia morrer.
Mais de 3.000 funcionários diretamente atingidos e demitidos.
Nada conseguiu deter as máquinas e a destruição. Foram ao chão.

Não condeno a decisão da justiça. Também não condeno os barraqueiros, apesar de achar que a praia está muito mais bonita agora. Mas o processo foi totalmente amador, um verdadeiro circo dos horrores. Por que não conceberam uma opção para as famílias atingidas, antes da derrubada?
Se as barracas não atendiam às leis, por que sempre foram permitidas? Como pagavam impostos, eram compradas e vendidas?
Mais uma mostra de como as coisas são conduzidas por aqui, a exemplo do metrô.
Encerrando o episódio, o cãozinho de um juiz foi eletrocutado por um cabo de energia que ficou exposto após a derrubada.
Bizarro, não?

Um comentário:

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