Igatu e Mucugê - Cemitério Bizantino

Terceiro dia na Chapada, fomos a dois locais que ainda não conhecíamos (e que morria de vontade), Igatu e Mucugê, na Serra do Sincorá.

A primeira, uma vila antigamente chamada Xique-Xique de Igatu, construída com e sobre pedras, possuiu cerca de 15.000 habitantes nos áureos tempos do garimpo de diamantes. Hoje, na chamada Machu Picchu brasileira, não moram mais do que 400 pessoas.

Foi ansiosamente procurada pelo explorador Percy Fawcett que, tendo partido em 1920, desapareceu sem deixar nenhum vestígio. Mais uma curiosa história.

Em outros tempos, cabarés, cassinos, lojas, cadeia, cartório, cinema... hoje, nem farmácia há, mas possui as mais belas cachoeiras, formações rochosas, rica história, hospitalidade, cultura.

Tão encantadora quanto a vila e sua história, é a subida até lá. Igatu fica a 800 m de altitude, e para lá chegar subimos cerca de 06 km de uma estradinha de pedra. Pedras, lages, não paralelepípedos. É mágico, o visual é verdadeiramente emocionante, muito além do que esperava. Cactos, muitos cactos.

Já a bela cidade de Mucugê destaca-se por, além do casario colonial e bela natureza, um curioso cemitério, o Cemitério Bizantino.

No começo do séc. 19, surtos de cólera e varíola atingiram Mucugê. Com tantos mortos, a cidade precisava de um local para enterrá-los, longe do centro. E como o local escolhido é feito de rocha, a solução foi depositar os corpos nas fendas entre elas.

Dizem que pela influência dos turcos (compradores de diamantes) que moravam na região, surgiu o improvável cemitério, com jazigos representando miniaturas de igrejas e capelas, cobrindo os corpos depostos nas fendas. De dia, quando estivemos lá, mostram-se muito bonitas as lápides branquinhas, que já serviram de cenário para o filme Abril Despedaçado, de Walter Salles. À noite, a iluminação empresta tons de azul, mas infelizmente não pudemos ficar.

Foi tombado pelo Patrimônio Histórico Nacional na década de 1980.